segunda-feira, 23 de abril de 2007

Por que saí da ICM?

Olá pessoal, criei este blog a fim de colher as razões que levaram os ex-membros da ICM a deixar a igreja.
O propósito é deixar registrado na internet essas experiências, a fim de ser objeto de consulta para todoa aquele que se interessar, para que cada um individualmente julgue o que for dito e tome as suas próprias conclusões, a partir do enfoque também de quem conheceu a denominação e, por algumo motivo, a abandonou.
Espero que este espaço se edificante, livre e sincero, mas advirto tudo o que for considerado impróprio ou ofensivo será retirado.

2 comentários:

Daniel Alvarenga disse...

Gostaria de contribuir, primeiramente, com o blog, postando as 60 teses que desenvolvi após a saída da ICM, fruto severo estudo bíblico com relação às práticas e doutrinas da ICM, da qual fiz parte durante quase 20 anos.
Esclareço que as teses não dizem respeito, necessariamente, à doutrina e ao ensino "oficial" da igreja, mas todas elas se vinculam a práticas e doutrinas por mim vivenciadas e/ou percebidas ao longo do período que estive lá, como obreiro, membro de grupo de intercessão, louvor, grupor de assistência, etc.
As teses foram elaboradas e publicadas no "Já fui um Maranata", em 2005, não como críticas vazias, mas como propostas pró-ativas de mudança de mentalidade.
Não tive a intensão de atingir ninguém pessoalmente, a crítica foi ao sistema, embora eu ententa que, para quem está atrelado de corpo e alma ao sistema, seja difícil essa abstração. Contudo, não vi motivo para, em razão disso, abdicar do meu direito de expressar livremente minhas convicções, especialmente porque creio visceralmente que estão fundamentadas na VERDADE.
Espero, profundamente, que a leitura das teses seja edificante e confortante e me coloco à disposiçaõ para quem, com amor e respeito, queira trocar idéias sobre o assunto. Meu email é alvarenga@gmail.com.

Aos poucos estarei exemplificando cada tese.

Daniel Avarenga

1. Deve-se ter consciência de que a IGREJA, CORPO DE CRISTO, não se
identifica especialmente com a ICM, nem nenhuma religião, denominação, missão, obra ou igreja em particular, mas é a união invisível de todos que, em qualquer lugar, crêem em Jesus, em espírito em em verdade.

2. Todas as revelações, dons, profecias, orientações, sugestões,
ensinos e práticas devem ser questionados à luz da Palavra,
independentemente de serem ministrados ou praticados em seminários,
por presbitério, pastores, ungidos, evangelistas, profetas, mestres,
diáconos, obreiros e professores.

3. Ninguém deve ser constrangido a abandonar usos e costumes que não
provoquem mal a si e ao seu próximo.

4. Ninguém deve ser constrangido a deixar de fazer algo que não
provoque mal a si e ao seu próximo.

5. Nenhuma revelação, dom, profecia, orientação, sugestão, ensino e prática tem valor superior à Bíblia, interpretada segundo a vida e mensagem de Jesus.

6. O principal ensino na igreja deve ser o AMOR e não a obediência, a não ser que seja essa para AMAR.

7. O fundamento da doutrina deve ser Cristo, segundo o Novo Testamento, e não em nenhuma alegoria vislumbrada no Velho Testamento, tal como a da "Obra de Davi X Obra de Saul".

8. A consulta à Palavra não deve ser ensinada como doutrina, deixando que cada um aprenda a ouvir a voz do seu Senhor, com experiências pessoais. Assim, todas as coisas na igreja devem ser decididas, segundo o Evangelho, com amor, discernimento e sabedoria, sem atalhos.

9. A Bíblia deve ser ensinada, segundo Cristo, conforme seu exemplo, vida e mensagem.

10. As pregações devem levar em conta o contexto do versículo lido,
não podendo o ensino se divorciar do conteúdo de todo o texto.

11. Os templos e lugares de cultos não devem ser considerados algo especial e sagrado. Devem ser considerados apenas locais em que a
IGREJA se reúne.

12. O ser humano deve ser mais valorizado do que a instituição, sendo ele o nosso foco de AMOR.

13. Não deve haver hierarquia entre membros, professores, diáconos, ungidos, pastores, presbitério, mas, quanto mais destacada seja a função, seja o homem mais apto a servir e não
para ser servido. Sejam os obreiros, em sentido lato, apenas
cooperadores, ainda que para exortação em amor, não como superiores, mas como colaboradores do Evangelho.

14. Que a Obra seja realmente do Espírito Santo no coração de cada um, pois somente a ele compete o convencimento da justiça, do pecado e do juízo, não tendo delegado essa tarefa a homem nenhum.

15. A vida pessoal e íntima dos irmãos não deve ser devassada em
reuniões no seio da igreja, muito menos, ser objeto de julgamento
pelos demais.

16. Não deve haver preocupação com números estatísticos e nem com o
crescimento da igreja, mas com o nosso próximo, aquele que já é nosso irmão, bem como com os outros, sendo a Evangelização, mais uma faceta do nosso amor pelo demais.

17. Deve-se anunciar o Evangelho de Cristo, não fazer propaganda da
igreja ou de pastor.

18. A aparência não deve ser valorizada e sim a percepção dos frutos do Espírito Santo.

19. O combate à aparência do mal não teve ter maior valor que o combate ao mal em si.

20. O principal mal a ser combatido é a falta de amor, em qualquer nível.

21. Nenhuma obrigação deve ser imposta aos irmãos.

22. Cada dom espiritual deve ser objeto de julgamento, de modo que, se não puder ser discernido conforme Jesus e o seu Evangelho, cujaprimazia é o AMOR, deve o dom ser descartado.

23. O obreiro (em sentido lato) deve ser escolhido, especialmente,
pela sua capacidade de AMAR (cheio do Espírito Santo), sendo muito
menos relevante a sua aptidão para orar, pregar, jejuar e exercer
atividades administrativas da igreja.

24. O clamor pelo Sangue de Jesus não deve ser tido como expressão que deve ser, necessariamente, repetida, verbal ou mentalmente, para alcançar comunhão ou remissão de pecados. Deve-se, apenas, ter consciência do valor e da suficiência do SACRIFÍCIO DE
JESUS, sabendo que não nos achegamos a Deus com justiça própria.

25. Ninguém pode ser constrangido a realizar nenhuma atividade na
igreja, mas todo o serviço deve ser voluntário.

26. Se não houver voluntário para a limpeza da igreja, não deve ser
visto nenhum mal na contratação de profissionais para a manutenção do
lugar de culto, lembrando que não é lugar sagrado, não é a Casa de
Deus, apenas um lugar. Nós somos Templo do Espírito Santo.

27. Nenhum DOM deve ser transmitido na forma de mandamento. Cada um deve discernir a voz do seu Pastor Cristo).

29. Ninguém pode ser constrangido a fazer jejum, madrugada ou culto,
porque não têm valor se não for voluntário, de coração, "em espírito e em verdade", sabendo-se que com Deus não há barganha a se fazer.

30. Nas orações, devem ser lembradas mais das pessoas do que das questões administrativas e materiais da igreja.

31. Ninguém deve ser constrangido a dar o dízimo ou oferta, o que deve ser fruto, apenas, de uma consciência de gratidão e que deposita a sua confiança no Senhor e não do dinheiro.

32. Deve-se admitir, humildemente, que não há nenhum povo
especialmente escolhido na Terra, mas há em todo o Mundo uma operação
do Espírito Santo, em prol do Evangelho, independemente de religiões,
denominações, igrejas.

33. Nenhum pastor, obreiro ou qualquer um que seja maduro na fé pode se escandalizar com coisa alguma que seja humana. Segundo a Bíblia, o ser "escandalizável" é o novo na fé.

34. Não há obrigatoriedade de que os cultos nas igrejas sejam diários, mas deve-se atentar às necessidades do rebanho e as particularidades de cada cidade e de cada comunidade. O culto na igreja não pode ser um
fardo.

35. Deve haver transparência no trato com os irmãos, de modo que, se por algum motivo justo, entende-se que alguém não pode participar
dessa ou daquela atividade, esse alguém deve ser comunicado da
realidade, evitando-se, assim, a prática velada do "boicote".

36. Deve-se admitir, de uma vez por todas, que quem abandona a
denominação, não abandonou Jesus, nem o Corpo de Cristo, nem a IGREJA.

37. Deve ser terminantemente abolida qualquer prática de "terrorismo espiritual", explícita ou implicitamente, não podendo ninguém ser amedrontado com a possível superveniência de doenças, acidentes e morte, porque quer sair de sua denominação ou questiona as suas doutrinas.

38. Deve-se despender o mínimo de esforço com a estrutura do templo ou local de culto, devendo toda a energia se voltar em prol das pessoas. Por isso, deve ser cautelosamente apreciada o número de cultos por semana, grupos e reuniões.

39. Que se reconheça como irmão e alvo da mesma fraternidade, todo
aquele crê em Jesus como seu Salvador e não apenas os membros da sua congregação, ficando abolida qualquer tipo de discriminação.

40. Que os ex-membros da congregação não sejam, pelo simples motivo de terem saído da denominação, taxados de desacertados, desviados,
leprosos, loucos, néscios e similares, bem como não seja feito
qualquer tipo de juízo sobre eles, muito menos quanto à sua salvação,
que não é resultado da freqüência em denominação nenhuma, mas da fé em Jesus.

41. Que o clamor pelo poder do sangue de Jesus não seja praticado como liturgia, de modo que se creia que o sacrifício de Jesus foi feito uma única vez, por todos nós, para remissão do pecado e libertação, etc., não sendo pertinente o retorno ao Velho
Testamento, para prática, ainda que simbólica, baseada no Tabernáculo, da contínua repetição de sacrifício de touros e bodes.

42. Que os verdadeiros sintomas da síndrome da queda espiritual sejam
o desamor, a hipocrisia, a maldade, o julgamento, a agressão, a soberba, a frieza, e não a baixa freqüência a cultos, reuniões,
trabalhos, serviços, nem questionamentos, os quais devem ser estimulados.

43. Que os limites do Espírito Santo seja o AMOR, na concepção do
Evangelho, e não em alegoria vislumbrada no Velho Testamento.

44. Deve-se reconhecer, de uma vez por todas, que Deus não HONRA o
erro de ninguém, ainda que proceda de UNGIDO, pastor, apóstolo, etc.
Portanto, cada um agirá de acordo com a sua consciência para com Deus, julgando todas as coisas e conferindo-as com o Evangelho, não podendo justificar o seu erro na obediência cega a ninguém.

45. Devem os irmãos, especialmente os pastores e obreiros latu sensu,
dedicar o seu tempo prioritariamente à família, que são os seus próximos mais próximos, e não à "igreja".

46. Os irmãos não devem coibidos de visitar outras igrejas, de outras denominações.

47. Ninguém deve ser coibido de participar de qualquer evento, especialmente se forem sadios, evangélicos ou não.

48. Se, por equívoco, foi transmitido à igreja algum ensino, doutrina, dom, etc. contrário ao Evangelho, deve o erro ser desfeito, com clareza, mediante retratação, e não ocultado e "esquecido", pois, muitos imaturos na fé podem ter tomado como verdade o que é mentira.

49. Ninguém deve ser disciplinado ou excluído da comunhão entre os
irmãos, sem que tenha cometido prática afrontosa ao Evangelho, não se podendo utilizar como justificativa a simples "aparência do mal", pois o verdadeiro "mal" pode estar nos olhos de que o vê.

50. Ninguém deve ser disciplinado ou excluído da comunhão entre os irmãos, ainda que tenha cometido prática afrontosa ao Evangelho, se há uma mínima demonstração de arrependimento, pois o arrependimento real só Deus o conhece.

51. Ninguém deve ser submetido a qualquer tipo de constrangimento,
humilhação, difamação ou calúnia, muito menos de ordem pública e
ostensiva, ainda que, aos olhos humanos, esse alguém fosse digno de
exclusão.

52. A IGREJA deve admitir que não tem a capacidade, a função ou a
autorização para separar o JOIO do TRIGO.

53. O pastor não está "acima dos dons", pois ninguém pode estar acima do que Deus fala, contudo, cada dom será considerado por cada coração, para que discirna, segundo o Evangelho, se Deus realmente lhe falou.

54. Deve ser abolido qualquer tipo de "legalismo dos dons", pois, na
Nova Aliança, o relacionamento de Deus com o homem não consiste em
ordenanças, mas de convencimento pelo Espírito, no coração: "já não
vos chamarei servos ... senão amigos"; "porei a minha lei no seu
coração".

56. Que sejam resgatados os principais pontos da Reforma:

"Sola Scriptura" - Somente a Escritura, ou a autoridade e suficiência das Escrituras.

"Solus Christus" - Somente Cristo, ou a suficiência e exclusividade de
Cristo como nosso único e suficiente sumo-sacerdote e mediador entre
Deus e os homens, independentemente de pastores, presbitérios,
obreiros em sentido "lato" ou da própria igreja.

"Sola Gratia" - Somente a Graça, que é a única causa eficiente da
salvação, que não depende de jejuns, madrugadas, cultos, obras,
trabalhos, reuniões e de nenhuma "performance" individual, mas é somente pela Graça de Deus.

"Sola Fide" - Somente a Fé, ou a exclusividade da Fé como meio de
Justificação, reconhecendo-se que nada pode ser feito pelo homem para
alcançar a Graça salvadora de Deus, a não ser ter fé, sendo esta
também DOM DE DEUS (GRAÇA).

"Soli Deo Gloria" - A Deus somente, a glória, não se devendo enaltecer nenhuma igreja ou denominação.

57. Devem ser alvo do mesmo amor e da mesma honra os membros, visitantes, ricos, pobres, autoridades ou não.

58. Que toda aquele que confessar que crê em Jesus de coração e quiser ser batizado que o seja, independentemente de consultas, dons, profecias, curso de batismo, aprovação por pastor, grupo de
intercessão, etc.

59. A igreja e seus membros, especialmente os pastores e líderes, deve se arrepender e pedir perdão, por toda
ofensa, humilhação, difamação, calúnia, mentira, maldição,
ridicularização e maldade, eventualmente perpetrada contra qualquer membro ou ex-membro, direta ou indiretamente.
Obs.: o pedido de perdão deve ser público para as ofensas publicamente feitas.

60. Todo membro ou ex-membro ofendido deve pagar a maldade com a
BONDADE, o desamor com o AMOR, a mentira com a VERDADE, a mágoa com
PERDÃO (indepentemente de pedidos formais).

Gabriel disse...
Este comentário foi removido pelo autor.